Bittersweet Simphony
Quando há Beleza a existir,
que dor importa?
E o que importa passar o rio da vida,
se em páginas brancas é que passa,
como na peneira garimpando ao sol,
e como num ralo para enxurradas,
recolhem-se os escolhos mais auríferos
do rio da vida que passa...
Só há de sobrarem tesouros apenas
em página branca do Céu sentido...
Que me importa, deveras, a mesquinhez e a impotência de mim
se há quem seja, nalguma parte, a nobreza e o poder que amo?
Atormentante a flor que tem o céu tapado...
E não vê, e não se curva, e não vive à sombra luz
da outra flor que saudável vive eterna.
Que zombeteiro deus confundiu os caminhos da Beleza?
Que furioso deus injetou-me o hormônio da ansiedade?
Que poderoso deus projeta os caminhos da minha queda?
O que é que força os sonhos a perderem a doçura na dureza do compromisso
e já se perder em amarras...
Trazer à Terra, ou simplesmente deixar que haja sobre a Terra e o Tempo
a Beleza
de haver tudo o que passa
e de tudo passar tão lindamente...
Antes eu sentia um aríete
varrendo de alegria o caminho até o futuro...
Um trator abrindo o sulco
o caminho até o futuro...
Quando há Beleza a existir
que importa?
Tão leve a presença do Senso...
Tão leve como o pássaro voa...
Tão resumida, essa impressão de Agora...
Passado um dia do dia do passeio
é que o benefício se mostra, acenando com a saudade...
Por que sou triste?
Quem se apaixonou pela Beleza
como pode ser alegre? Antes chora
haver passado... Tudo passando...
Tudo passado...
A soberania do ar...
Quem me dera inclinar francamente a cabeça
à soberania do ar...
à soberania da luz...
Quem me dera ser devoto e entregue
à soberania da luz...
E viver os últimos ainda longos dias
inclinado à luz de todo dia...
Quem me dera deixar tudo
e inclinar-me à luz de todo dia...
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