sexta-feira, 23 de setembro de 2011

cães da madrugada

À mesma janela.

Lá fora ficou a cidade,

a madrugada,

o sono correndo pela ponte sobre o rio,

as luzes de ouro enriquecendo a noite.

A noite.

Não há violões.

Há conversas de cães solitários

desde suas cadeias, de um bairro a outro;

eles têm grades – verdadeira maldade...

Pulam canções de grilos e sapos

e toda a história das princesas humanas

que beijaram um ancestral sem tempo;

até os sapos têm sua mitologia.

Lá fora, a minha alma paira

e não tenho medo

de não ter vontade

de ir caminhar.

Desobedeço o carpe diem.

Esta noite é de livros e lençóis brancos.

Amanhã sim, a mão cortada de suor e matagal

para buscar o rio. Cotidiano de bugre voluntário.

Nesta noite, parece-me bastante

saber que lá fora estão os caminhos

e aqui dentro há música.

Não posso me queixar.

Aqui dentro há música azul e branca,

uma dama loura, amigos bebendo;

cãezinhos livres, que o horizonte rápido engole;

senhoras atônitas, “Pegue o miserável, moço!”

“Minha senhora, quem é que pode

contra um cachorrinho novo no mundo?”

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