sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O gato branco

(à Rosa Roseana)

Hoje o gato branco não veio...

A chuva foi demais...

Começou com uma garoínha muito espalhada

fininha, fininha, como sumo de laranja descascando

- talvez o grande sol, quem sabe?, na mão da noite,

ao fio de faca da lua; descascando; suando...

E depois virou-se uma chuva forte,

como se o regador furadinho emborcasse e ficasse,

deitado pra frente, chovendo tudo, da mão de Deus,

enquanto ele se distraía, gordão e feliz, assim ficando,

acenando ao compadre; conversando...

Ou como se um rio se desviasse

caindo muito cachoeiro, do céu,

pelo funil da noite

como areia de ampulheta

que voltará, no amanhã de sol,

todas as gotas para o céu, de novo

- leves e invisíveis; invisíveis, leves...

......

Agora que parou de chover,

e a noite é umidade fríinha do ar,

o gato branco pode se aperceber

tão silente e fofo no seu mistério...

- hoje, porém, não é com os olhos:

eu vejo é com atrás da cabeça

onde a janela está aberta:

Vês? é além da janela,

no quintal molhado

(ele sussurra pelo chão...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário